as mordaças que me imputa
Saber quando calar e quando falar é uma faceta de caráter talhado e polido.
Tenho duas opções na vida ( como sempre há escolhas) ou sigo o trio elétrico ao embalo da música tocada e vou no AUÊ, sem saber direito em que esquina a musica vai parar de tocar, ou numa atitude sóbria escolho a música que quero ouvir e seguir.
Me perdoem os Maria-vai-com-as-outras, mas a música que toca em meu coração tem nome e regente: chama-se atitude e caráter.
E o regente é minha alma, ainda rastejando no caminho evolucional, mas tão consciente do que devo fazer, que reage a qualquer semi tom ou desafino.
Calei muito tempo, por respeito ao outro, ao coração do outro, coisa de mãe que passa a mão na cabeça do filho.
Calei até o momento em que percebi que tenho voz e preciso usá-la, e vou usá-la.
Se eu calo diante da agressão não é por covardia, é apenas uma reação do não reagir, não confrontar.
Mas, do jeito que a coisa vai, tenho que ter postura e atitude, e se não os tiver, meu caráter talhado e polido em vivencias tantas de nada valerá.
Não quero dançar conforme a música atual. E meu posicionamento diante de fatos corriqueiros, atuais e assustadores é somente a certeza de que se estamos querendo expandir a própria consciência devemos deixá-la falar.
Não busco seguidores, pois não sou digna de ser seguida, nem a mim mesma poderei salvar diante dos vacilantes passos diante da grandeza do aprendizado que me espera.
Mas calar? Não mesmo! O que eu acho certo, eu acho certo, essa sou eu e se eu calar essa voz interna que me diz que fale e que seja exemplo, não de santidade e espiritualidade desenvolvida( que estou longe de ter), mas, de uma cristã que vê seu irmão ser pisoteado ali e acolá.
E esse meu falar não é um ato de revolta, apenas de consciência.
Houve tempo em que eu a tudo olhava e nada via. Quando descobri que posso ver, algo em mim fez a triagem do que é bom para mim e o que não é.
Não busco aplausos ou alguém que compartilhe de minhas opiniões, mas sei que muitos pensam como eu.
O meu intuito é fazer com que as pessoas consigam ver como eu vi e vejo. Uma absoluta confiança de que podemos mudar nosso mundo pessoal. Nem falo a nível planetário, falo do pessoal mesmo, do eu comigo, de melhorar, acordar, ver, sentir, absorver.
E, quando eu comecei a falar, mostraram-me uma mordaça ricamente ornada de luzes e cores, mas ainda assim era uma mordaça.
Eu nasci livre, meu espírito é livre e assim deve continuar. Temos em nossas vidas, períodos que se iniciam e se vão, que terminados, dão inicio a novos ciclos. Mudam as contingências, os problemas e soluções, mas percebemos que nossa essência continua a mesma.
Então mudam-se as atitudes diante daquilo que não esperamos, de difícil compreensão e lidamos com isso até assimilar e adaptar-nos.
E para isso, o tempo é nosso maior aliado. Mudando atitudes mudamos as facetas do problema a ser resolvido.
E sendo assim, se atuando de todas as formas e continuamos com a mesma essência isso nos mostra que temos algo em nós bem desenvolvido que se chama caráter.
A palavra caráter refere-se ao modo de ser próprio de cada pessoa, às características da sua personalidade.
E diante da atitude e caráter outros tópicos despontam para manter-me fiel a tudo que prezo:
Um deles é sacrifício ( não no sentido de sofrimento, mas no sentido de renúncia)
Tenho que abrir mão de alguma coisa ou de várias. Muitas vezes até de minha vida pessoal.
É preciso manter em mente meus objetivos com clareza e persistir neles.
Outro tópico que me faz permanecer coerente com a atitude e o caráter é a compreensão.( a compreensão de mim) entender por que eu faço o que faço. O que eu estou tentando atingir nesse caminho escolhido.
Com essa compreensão vem o outro tópico: o comprometimento. Isso é estar focada no objetivo como uma constante, sem contudo fazer desse objetivo algo que obstrua o crescimento do outro.
Dizem que o pior inimigo do excelente é o bom. Eu concordo. Faça o que eu fizer devo fazê-lo bem feito; não contentar-me com o aceitável é permanecer focado em minha atitude e caráter, é romper barreiras de aceitação do imposto a mim; mas como sempre a escolha é minha e de mais ninguém.
E escolhendo primar pelas minhas atitudes desde que sóbrias e honestas, sem atingir a ninguém me resta a satisfação, que não é estar sempre alegre, mas alegrar-me pelo fato de que estou fazendo a viagem esperada, pelo meio correto de fazê-la.
Se eu foco na alegria da viagem e paro quando necessário para olhar para dentro de mim, não me prendo somente ao desejo de chegar, mas de conhecer o caminho em que estou.
Pois é, se sinto dentro de meu ser o direito e desejo de ser correta com meus objetivos em relação a caráter e ter a compensação da cabeça deitada no travesseiro totalmente em paz, absorvo dos outros tópicos citados a alegria de
ser –vir.
Se nós humanos vivemos presos a grilhões por tantos séculos e descobrimos que temos a chave em nosso próprio coração, por que não nos libertarmos?
Por que devo aceitar o aceitável quando o leque de crescimento é tão vasto?
Isso eu falo por mim e não tento convencer ninguém de que eu esteja certa em querer a qualquer custo manter minha atitude, caráter e coerência.
Eu falo porque a voz existe. Eu sinto porque meu coração está aberto ao novo, ao verdadeiro; de falso todos estão saturados!
O que é falso e o que é verdadeiro? Somente cada coração pode sentir e analisar.
Quanto a mim cansei de falsos conceitos de religiosidade. E é por isso que falo e falarei, porque mordaças poderão calar meu físico, mas meu espírito... esse é livre... e voa... voa.
Cira Munhoz
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