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((((* "O QUE VEM SEMPRE ESTEVE AQUI, A PAZ ESTA DENTRO DE TI E SO VOCE PODE TOCALA, SER A PAZ SHANTINILAYA, NADA EXTERNO LHE MOSTRARA O QUE TU ES. NADA MORRE POR QUE NADA NASCEU, NADA SE DESLOCA PORQUE NADA PODE SE DESLOCAR VOCE SEMPRE ESTEVE NO CENTRO, NUNCA SE MOVEU , O SILÊNCIO DO MENTAL PERMITE QUE VOCÊ OUÇA TODAS AS RESPOSTAS" *)))): "ESSÊNCIAIS" "COLETÃNEAS " "HIERARQUIA" "PROTOCÓLOS" "VÍDEOS" "SUPER UNIVERSOS" "A ORIGEM" "SÉRIES" .

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O RETORNO DE AMI, O MENINO DAS ESTRELAS E VINKA. (AMI 3).-PARTE 7


o retorno de ami e vinka..parte 7

PORÕES DA PP

Durante a viagem de volta à Kia, e depois de comunicar-nos longo tempo com
nossos amigos infiltrados na Policia Política, Ami disse que não havia pessoal capaz
de ajudar-nos agora, porque devido justamente a este caso, haviam-se ativado as
medidas de segurança mais extremas. Todos os agentes estavam muito ocupados e
limitados em seus movimentos.
- Teremos que prepararmos sozinhos, Pedrinho.
- Vamos... Um par de meninos contra um dos organismos de segurança mais
sinistros de Kia...

- Mas conseguiremos!... Verdade Pedro?
- Segu... ro... E que plano tem?
- Vou descer ao interior dos porões do quartel general para tentar raptar Vinka e a
seus tios, enquanto você fica no comando da nave.
Me pareceu que estava delirando.
- Perdão, Ami, mas está louco de vez. Dali não pode sair vivo, e muito menos
trazendo pela mão a Vinka, Goro e Clorka...
Ele não disse nada e se pôs de cheio a ensinar-me algumas coisas sensacionais,
por exemplo, por a nave visível ou invisível, avançar e retroceder, subir e baixar,
lançar o raio amarelo, operar o monitor para ter a Ami sempre em uma tela, utilizar o
microfone direcional e outras varias coisas. Por isso digo que os astronautas da
NASA, comparados comigo... Bebes com mamadeiras...
Ami entusiasmou-se ao ver a rapidez com que tinha aprendido o que me havia
ensinado.
- Já está tudo pronto para que fique ao comando desta nave durante minha
ausência, Pedro, mas confio que não tenhas que fazer nada, senão simplesmente
esperar, e ativar o raio amarelo em caso de necessidade. Não terá que ficar sozinho
mais de uma hora, se tudo sair como está no plano.
Então me passou uma sombra horrível pela mente:
- E se não voltar mais, Ami?... Como volto ao meu mundo?...
- Não se pré-ocupes, há, há. Isto não sucederá – disse, tratando mostrar uma
segurança absoluta, mas não me convenceu. Eu soube que essa horrível possibilidade
existia, embora lembrasse também que é melhor manter o animo alto, ser mais
otimista, e ao quis insistir em panoramas negros.
Chegamos ao quartel general da PP. Nos mantivemos invisíveis sobre o edifício
em que encontravam-se Vinka e seus tios, ainda que a vários pisos de profundidade e
protegidos por paredes blindadas.
- Blindadas com chumbo, Pedro, onde nossas sondas vibracionais não podem
penetrar esse denso metal, por isso, tampouco poderemos ver nossos amigos pelos
monitores, e muito menos teletransportá-los.
- Assim, eu não poderei ver o que você faz lá embaixo.
- Correto, mas irei protegido com isto – disse, levantando um teclado do painel de
comandos. Debaixo apareceu uma gaveta que só continha um objeto: um delgado
cilindro ou varinha metálica que parecia uma lapiseira. Tirou-a do compartimento,
colocando-a sobre sua palma e tocou um ponto com o polegar, então a varinha
pareceu acender-se com uma luz dourada, transformando-se em um luminoso objeto,
aceso como um pequeno e brilhante sol.
- Que coisa mais bonita, Ami! Que é isso?
- Isto é uma arma, Pedrinho.
- Uma arma?!... Vocês usam armas!
Começou a rir travessamente.
- Claro, às vezes temos que defender-nos. Nem sempre contamos com o tempo
necessário para utilizar nossos poderes hipnóticos, sobre tudo quando vem para cima
uma multidão de enaltecidos incivilizados.
- Que é justamente o que poderia acontecer lá embaixo com os terris da PP...
Não disse nada. Estendeu o objeto para mim. De sua extremidade saiu um flash
dourado que tocou meu peito. Eu senti uma doce corrente em todo o corpo e fiquei
feliz, pacificamente feliz, percebendo também que a vida era algo muito belo, sem
temores nem agressividades de nenhum tipo. Olhei para Ami, que me pareceu o ser
mais maravilhoso do mundo. Compreendi, desde o mais alto de minha mente
cotidiana, que me encontrava ante uma alma de grande elevação interior, e valorizei o
fato, emocionando-me por ter essa sorte.
Mas Ami estava rindo de mim. Seu sorriso e alegria me pareceram agradáveis e
contagiosos, e também sorri alegre como ele, sem perguntar nada de nada.
Pouco depois me apontou de novo o objeto. Surgiu um flash que agora não era
dourado, senão de um verde muito claro, então voltei a minha realidade habitual, a
minha mente cotidiana, e desde então me pareceu que aquele artefato idiotizava a
pessoa.
- É ao contrário Pedro, te conecta com suas partes interiores mais elevadas,
bloqueando tuas zonas psicológicas mais primitivas e terrenas. Mas claro, tanto
desconecta das realidades dos mundos não evolucionados, que deixa incapacitado
para levar uma vida normal neles. O efeito dura umas dez horas terrestres, a menos
que se desative, para isso se deve apontar de novo para quem tenha recebido a
descarga luminosa, mas em sua modalidade verde.
- Me parece fantástico, Ami, sobre tudo quando os inimigos não são muitos, pois
se lhe atacam uma multidão, não terá tempo de ir tocando-os a todos, um por um...
- Se me atacar um enxame de terris faço isto:
Apontou para uma parede na nave, e desta vez saiu do objeto uma luz azul intensa
parecida a uma chama de isqueiro a gás, quando tocou a parede escutou-se um suave
estalo e saltaram milhares de pequenas estrelas douradas que se dirigiram a grande
velocidade para todos os pontos da nave. Algumas me alcançaram e voltei a perceber
que a vida era algo maravilhoso...
- Há, há, há! Viu? Isso é um “disparo em grupo”, mas este grupo de luz não só
dana a quem o recebe, senão o deixa “iluminado” . Nirvana sem esforço... E não
afeta a quem tenha este objeto em mãos.
Disparou uma “bala” verde e voltei a normalidade.
- Isso sim é bom, Ami!
- É menos pré-histórico que os horrorosos artefatos destruidores que inventam os
“gênios” de teu planeta, e não te faz ganhar nada espantoso em troca, como a eles, de
acordo com a lei de causa e efeito. Bem, agora devo preparar-me para substituir ao
mesmíssimo senhor Tonk, o diretor geral da PP.
- Ao monstro asqueroso? Mas você é um menino, e ele é um gigante gordo!
- Esquece algo Pedro, nós podemos modificar nossa aparência.
- Certo, como fez com Krato. Mas não até o extremo de mudar tua estatura! Ou
sim?...
- Claro que sim.
- Com cirurgias e próteses?
De novo se pôs a rir.
- Não, Pedrinho, simplesmente com mudanças vibratórias reestruturantes.
- Ah, claro... que tonto sou... E como vai fazer para ter mais peso, mais quilos?
- Mais massa corporal? Não é necessário, basta com que me vejam mais grande, e
isso é muito fácil para nossos instrumentos, que em menos de um segundo podem
fazer que uma pessoa se veja com deseje. Já viu o que sucedeu com Krato, e o
regresso ao estado normal é igualmente fácil. Aqui neste computador tenho o
bioperfil energético do senhor Tonk, e com isso basta.
Ami operou uns comandos e apareceu a imagem tridimensional do sujo terri.
- Quando acionar esta tecla, plop, eu me converterei em uma cópia do chefe da
PP, ainda que pese o mesmo que neste momento, mas não vou cheirar como ele. Há,
há, há!
- Fantástico!
- Dentro de exatamente dois minutos, Tonk terá uma reunião diretiva que durará
uma meia hora. Conto com esse tempo para substituí-lo, e tentar chegar a nossos
amigos e regressar com eles até o raio transportador desta nave, que você ativará, e
nós quatro aparecemos aqui.
- Há!... que fácil...
- Tudo sairá maravilhosamente bem, Pedro, já vai ver. Agora acione a tecla, e não
te assustes quando vir minha nova aparência, serei eu mesmo, embora tenha outra voz
inclusive. Vamos.
Quando o fiz, Ami transformou-se ante meus olhos no espantoso terri, que dirigiu
seu olhar para mim. Seu olhar não se parecia ao de Ami nem um pouco. Com uma
voz muito forte e cavernosa disse:
- TENS MEDO, PEDRO?
- Ui! Istooo... É-és t-tú, Ami?
- CLARO QUE SIM. NÃO TEMAS. E AGORA VOU PARA A LUZ AMARELA
QUE VOCE IRÁ LIGAR AGORA MESMO.
Assim o fiz, de acordo com suas instruções prévias. O Ami-terri dirigiu-se para a
luz dizendo:
- DECEREI DESTA NAVE PELO RAIO ATÉ CHEGAR AO NÍVEL MAIS
PROFUNDO QUE É CAPAZ DE SER PENETRADO, NUM DOS PISOS ACIMA
DE VINKA, DEPOIS VEREI COMO ME ARRANJO.
Eu senti calafrios ante a inevitável proximidade do perigo mais espantoso para ele
e para mim...
- Como sabe que ao irá parar justo em frente de um terri que te verá surgir do
nada?
- TOMEI ALGUMAS PRECAUÇÕES. VOU SURGIR EM UMA SALA QUE
NESSE MOMENTO ESTÁ VAZIA. DESEJA-ME SORTE, E APAGA O RAIO
QUANDO ESTIVER LÁ EMBAIXO. ATÉ LOGO.
Olhei pelo monitor para ver se havia chegado. Ali estava, dentro de uma pequena
enfermaria. Não havia ninguém mais nesse lugar. Apaguei o raio e escutei a voz
cavernosa através de um auto-falante do monitor:
- Quando passar aos níveis inferiores não poderá me ver, então deverá ter
paciência e fé...
Aquilo foram os momentos de maior perigo em minha vida. Qualquer erro de
Ami, qualquer imprevisto, e adeus, perdido para sempre em um mundo inóspito, em
uma nave que eu não sabia como fazer para chegar de volta a meu mundo. No melhor
dos casos, terminaria junto a Trask na solitária cabana de Krato, se é que era capaz de
chegar até lá sem ter nenhuma referencia. Mas sem Vinka do meu lado, sabendo que
lhe sucedeu o pior...
“Não, nesse caso prefiro morrer de uma vez”, pensei.
Escutei a risada de Ami-terri, que, apesar da distancia e de sua aparência, não
perdia seu bom humor nem sua capacidade de ler meus pensamentos:
- Sempre tão otimista, Pedro...
O menino de branco, agora convertido em falso chefe da PP, saiu da enfermaria
no preciso momento em que dói terris passavam por ali, sendo surpreendidos ante a
inesperada presença de seu chefe máximo naqueles porões. Primeiro imprevisto
adverso...
Fique com um nó no estomago. As coisas começaram a sair mal desde o começo
da operação...
Ami adiantou-se e perguntou a eles:
- E vocês dois, para onde vão?
- AO SETOR AZUL, CHEFE.
- Deixem isso para depois. Necessito de vocês comigo para que me ajudem.
Venham, por favor.
Os homens iam fazê-lo, mas algo lhes pareceu raro. Olharam-se um segundo e
um deles disse:
- BANDEIRAS DE GUERRA!
- Para que querem bandeiras de guerra? – perguntou inocentemente Ami.
Para meu horror, os homens sacaram suas armas e encaminharam a meu querido
amigo. Compreendi imediatamente que aquilo de “bandeiras de guerra” era uma
chave de segurança, e que Ami desconhecia a resposta, a contra-senha. Segundo
imprevisto adverso...
- MÃOS PRA CIMA, UM SÓ MOVIMENTO E CAIRÁ FUSILADO!
Ami não teve tempo de sacar sua “arma” do bolso, o disparador de raios de
felicidade. Um terri o tinha pego por trás com um braço em cima do pescoço e uma
arma apontada para a cabeça, enquanto que o outro lhe punha por trás um par de
algemas nos pulsos. Eu estava aterrorizado, morto de medo.
- Não olhe nos olhos, este idiota é um deles. São capazes de hipnotizar com a
vista.
- Mantenha-te olhando para a parede, verme! Se virar estará liquidado. E você
entra na enfermaria para buscar fita adesiva para cobri-lhe os olhos e a boca. Depois
faremos soar o alarme. O botão está no final do corredor. O principal é que este
invasor extrakiano não possa olhar nem dizer nada.
Mas a fita adesiva não poderia tapar a poderosa mente de Ami... quando o homem
se mexeu, pude ver que meu amigo se concentrava intensamente com os olhos
fechados. Então, o que apontava abaixou os baços, guardou sua arma com
movimentos de robô, pôs a mão no bolso de Ami-terri, pegou o disparador de raios e
apontou para a porta entreaberta da enfermaria. Se viu um flash azul e um belo grupo
de velozes pontos dourados se espalharam pelo corredor e pelo interior da enfermaria.
Dela saiu o outro terri mostrando um pacífico sorriso e um olhar cheiro de amor...
- Oh... oh... Liberemos as mãos deste maravilhoso ser... – disse, e começou a
soltar a meu amigo.
O outro estava petrificado. Sua mente dependia da vontade de Ami, mas os raios
não o haviam afetado porque tinha o objeto em sua mão. Ami separou suavemente os
dedos, pegou o cilindro e lhe dirigiu um raio. O rosto do terri iluminou-se.
- Oh... Que ser de altíssima evolução... – disse arrebatado enquanto se deleitava
contemplando Ami. O outro o idolatrava com um sorriso que me pareceu idiota.
- É um santo... é um anjo... Que sorte poder contemplar um deles tão de perto...
Então lembrei que em meu mundo muitos pensam que as coisas espirituais
produzem debilidade, por isso se afastam delas e optam pela força bruta ou poder
material como recurso de proteção ou domínio. Mas ali estavam dois dos homens
mais ferozes de Kia, que apesar dos enumeráveis treinamentos em artes marciais e no
uso de armas que tinham, encontravam-se completamente a mercê de Ami, que não
havia optado pelo caminho da força bruta em sua vida, senão pelo desenvolvimento
interior...
- Diga-me o que aconteceu com a chave – lhes ordenou.
- Oh... Sim. Foi trocada faz uns minutos. “Bandeiras de guerra” deve ser
respondido por “Flamejando orgulhosas” – respondeu o homem da PP, encantado de
poder ajudar.
- Que foi o que fez duvidar de mim ao pedir a contra-senha?
- Oh... Sua voz suave e seus modos tão amáveis... Aqui ninguém diz “por favor”,
lamentavelmente...
- Ah, claro, me custa ser tão besta...
- Tambem, Tonka tem um cheiro muito feio...
- Compreendo. Bem. Agora, ajude-me a liberar meus amigos do caso “Cardume”.
- Não, não. O caso já não é mais “Cardume” senão “Emblemas”. Também foi
mudada essa chave.
- Ah, obrigado. Vamos, leve-me para eles, e tratem de comportarem-se
militarmente.
- Oh, sim, e que Deus nos ajudem em tão nobre causa... Poder ajudar a um ser de
tão alta evolução... Que estou dizendo? Eu era completamente ateu...
- Guardem as reflexões, contemplações e elogios para um momento de menos
risco que este.
- Oh... sim.
- Não, nada de “oh... sim”. Digam, SIM CHEFE!
- SIM CHEFE!
- E tirem esse sorriso da cara, lembrem que aqui não se sorri.
- Oh... sim...
- SE DIZ, SIM CHEFE!
- SIM CHEFE!
Começaram os três a caminhar pelos corredores. Eu olhava mais nervoso que
barata em galinheiro...
- MAIS RÁPIDO. CAMINHEM COMO SE ESTIVESSEM FURIOSOS,
PORQUE POR AQUI TEM CAMERAS, E OS VIGILANTES OBSERVAM SUAS
TELAS.
- Oh... sim... Digo... SIM CHEFE!
Ao passar uma porta, um par de guardas lhes pediram a contrasenha:
- BANDEIRAS DE GUERRA!
- FLAMEJANDO ORGULHOSAS! Respondeu Ami, com uma voz mais
agressiva agora que o mesmíssimo Tonk. Havia aprendido a lição.
- AONDE SE DIRIGEM?!
- PARA OS PRISIONEIROS DO CASO EMBLEMAS!
- ADIANTE!
Eu suspirei aliviado, Ami havia logrado a por a seu favor as circunstancias
adversas, mas... Por quanto tempo?
- Parece que “papito” tomou banho pela primeira vez em sua vida – comentou
com malícia um dos guardiões que guardavam a entrada por onde Ami e seus dois
ajudantes acabavam de passar. O outro respondeu:
- Assim parece. Não deixou seu perfumado rastro... – e começaram a rir
dissimuladamente. Eu me alegrei de haverem tomado o assunto em forma tão
leviana...
Mais adiante apareceu um elevador, entraram, a porta se fechou, mas eu podia vêlos.
- BANDEIRAS DE GUERRA! – Disse uma voz por um auto-falante.
- FLAMEJANDO ORGULHOSAS! – Retornou Ami-terri.
- AUTORIZADO.
De algum modo soube que se a contra-senha não fosse correta, esse elevador os
teria levado direto para severos investigadores armados...
Ami observou aos terris, que o adoravam com a vista, tratando de disfarçar sua
elevada emoção espiritual, indicou para o painel de botões como perguntando qual
acionar. Um deles o fez e o veículo se pôs em movimento até os porões mais
escondidos e blindados do quartel general da Polícia Política, e então deixei de vêlos.
Enquanto olhava a tela, eu rogava para que tudo saísse bem, mas o tempo passava
e passava, e nada. De vez em quando via entrar ou sair do elevador algum terri, mas
nada mais, até que de repente sucedeu o pior, o alarme soou estridentemente por todo
o quartel...
Imediatamente, toda uma tropa de homens armados chegou até as portas do
elevador, inclusive o verdadeiro Tonk, que vociferava indignado enquanto esperava a
abertura das portas, coisa que não acontecia jamais.
- ESTES FILHOS DE UMA CADELA BLOQUEARAM O ELEVADOR!... QUE
VÁ UM PELOTÃO PELAS ESCADARIAS!
Nesse momento voltou um deles:
- O INIMIGO BLOQUEOU TAMBEM AS PORTAS DAS ESCADARIAS!
- EXPLODAM-NAS ENTÃO!
- SIM CHEFE!
Eu estava desesperado, especialmente quando comecei a sentir as explosões, mas
instantes depois aconteceu algo maravilhoso, as portas do elevador abriram-se e delas
surgiu um flash azul, e logo toda uma brilhante nuvem de pontos dourados se foi
expandindo pelo corredor, deixando iluminados de amor a uns cinqüenta terris
armados que estavam por ali, inclusive ao mesmo Tonk, que quis beijar a mão de seu
dublê quando este apareceu acompanhado de Goro, Clorka e... VINKA! Que sorria
feliz. Eles também estavam sob os efeitos dos raios espirituais. Então ativei a luz
amarela para que meus amigos entrassem nela, coisa que fizeram de imediato,
enquanto cinqüenta peludos terris, mansos como cordeiros, se despediam com
bênçãos e os olhos brilhantes de emoção...
- Acione outra vez a tecla de transformação, Pedro – disse Ami-terri desde a sala
de recepção. Haviam chegado os quatro sãos e salvos. Acionei a tecla e ele voltou a
sua aparência normal. Fui abraçar Vinka, que me olhava como se estivesse vendo
uma espécie de deus, enquanto Goro e Clorka, com caras de êxtases idolatravam
Ami. Eu agradecia que tudo houvesse saído bem.
Ami lhes disparou três flashes verdes e eles recuperaram suas mentes habituais.
Nos abraçamos fortemente com Vinka. Ela se pôs a soluçar de emoção. Porém
Goro, passou do misticismo mais doce para a raiva mais intensa:
- ESSES OFICIAIS CANALHAS, ANIMAIS, MAL NASCIDOS, BESTAS!...
Compreendi que o haviam tratado muito mal.
- Esqueça-os – aconselhou Ami pegando-lhe o braço – já está a salvo.
- Me puseram corrente em... em... Oh, COMO QUERO MATAAAAALOS!
- E te salvaste a tempo, porque sempre começam com os métodos “suaves”,
depois aplicam os sistemas “duros”...
- Por sorte, não alcançaram torturar Vinka nem Clorka... Não, eu não sabia a
classe de bestas que...
Clorka estava chorando.
- Eu tampouco, Goro, e agora que vamos fazer? Já não podemos voltar para
casa...
Ami lhes falou claramente:
- Esqueçam isso. Tem que deixar de lado para sempre o passado, sua casa, seus
objetos, tudo, imaginem que passou um furacão e arrasou a casa, mas estão vivos e a
salvo.
- Sim, mas já não temos nada.
- Não diga isso, Goro, vocês tem algo muito valioso: amor, e isso é o mais
precioso do Universo.
Goro meditou um pouco e logo abraçou a Clorka e Vinka.
- Tem razão, pequeno, isto vale muito. Mas por outro lado, nem sequer temos o
direito de andar livres pela cidade. Talvez devamos pedir asilo político em outro
pais...
- Nem pensar, Goro. Se fosse um político comum e corrente, então sim, mas está
relacionado como tema VEP, vida extraplanetária, e já sabe que há muita paranóia e
ambição com respeito a esse assunto. Não estarias seguro em nenhum lugar.
- E QUE PODEMOS FAZER ENTÃO! – Gritou desesperada Clorka.
- Não se preocupem, os levarei à cabana de Krato, nas montanhas de Utna. Lá
estarão a salvo e poderão descansar até que se decida o que fazer.
Ami pegou os controles da nave e instantaneamente nos “situamos” em Utna. La
estava amanhecendo. Descemos na granja de Krato. Trask foi carinhoso com nós,
ainda que não demasiado com Goro...
- Que divino lugar de campo! – manifestou emocionada Clorka contemplando os
matizes do céu do horizonte, que iam de violeta ao vermelho alaranjado, a medida
que o sol começava aparecer atrás das colinas.
Goro começou a mostrar muito interesse por aquele lugar, aspirava o ar da
montanha olhando para todos os lados, prestando atenção ao maravilhoso concerto
fque produziam os cantos de uma variedade enorme de aves na madrugada. Para eles
era como haver passado do inferno, da tortura e do calabouço da PP, ao paraíso em
poucos minutos.
- Que bela horta! Vejam esses muflos, Goro, essas ambrokas, ffrindas e melenias,
essas burisas, essas árvores de topa, de buro-buro, de jojó...
- E também há kikis, guajos e zubayas, Clorka. Eu só os havia visto no
supermercado.
- E eu também. Esta é minha primeira vez em uma horta campestre. Oh, aqui há
ervas aromáticas, longuchas, tenkas e zumberras. E também há flores, Goro! Veja
essas pepias, essas lurindas tão enormes e coloridas.
Os olhos saíam de suas órbitas a ambos a medida que nos aproximávamos em
direção a cabana.
- Aqui há licor de muflos! – exclamou Goro ao ver a adega do ermitão –
Necessito em trago e uma cama.
- E eu também – disse rendida Clorka.
- Então entrem, entre na cabana.
Entramos e Vinka lhes abriu as janelas.
- Que lugar tão folclórico, Goro! É igual a serie da televisão “A Casinha da
Montanha”...
- Devo reconhecer que isto é muito bonito, Clorka, mas depois de dormir daremos
uma olhada. Me arrebento de sono.
- Aqui tem um colchão no chão, ali poderão dormir tranqüilos.
- Que coisa mais típica! Istooo... não há rastreras por aqui? – perguntou Clorka
com certo medo.
- Não Clorka. A estas alturas das montanhas não chegam as rastreras , e menos
ainda as venenosas – tranqüilizou Ami.
- E patapatas?
- Tampouco Clorka.
- Mas naquele canto do teto eu estou vendo uma tela de patapata...
- Ah, sim. Mas essas patapatitas não picam a gente. Estão aí para comer aos
aborrecidos chupetines e as zumbozas que poderiam chegar voando lá de fora. Aqui
não há nada que lhes possa fazer mal.
Goro começou a deitar-se sobre o colchão, que não lhe ficava muito cômodo
porque não era para um gigantesco terri. Ami dirigiu-se para ele:
- Necessito de Vinka em minha nave até amanhã. Está convidada a jantar na casa
da avó de Pedro. Já a janta estará terminada, mas em uns minutos podemos estar ali e
reativar a festa, que agora estará completa com a presença de Vinka. E depois devo
mostrar-lhe algumas coisas importantes. Lhe dá permissão, Goro? Tu disseste que iria
fazê-lo...
O terri já tinha os olhos fechados.
- Eh?... Ah, sim, mas que se comporte... zzzzzzz....
- Amanhã estaremos de volta por aqui, e se tem fome, lá na cozinha deve haver
uma panela com um repugnante guiso de garábolo em molho picante que Krato...
Ao escutar isso, Goro despertou e ficou muito interessado.
- Garábolo em molho apimentado?... Aonde?...
Vinka indicou a Clorka onde ficava a cozinha, e ela se pôs a esquentar a panela,
feliz de encontrar-se em um lugar tão rústico.
- Que maravilha!... Uma cozinha a lenha!...
Goro só pensava agora na comida.
- Garábolo! Mmm... Delicioso. Meu manjar preferido! São muito escassos devido
a que não podem criar em cativeiro. Onde Krato consegue garábolos?
- Por aqui mesmo, tio, isto está cheio de garábolos silvestres. Não os vistes
porque só aparecem de manhã quando o sol está mais alto um pouco. Krato tem
armadilhas para capturá-los.
- Então isto é um paraíso! Fiquem para jantar conosco, aproveitem.
Goro estava entusiasmado e até tratou de ser amável, o que surpreendeu-me.
- Não, obrigado, Goro. Primeiro tenho que contemplar um sinistro bacanal de um
animalzinho da terra esquartejado, agora é um remexer de mutilações de garábolo o
que me espera se fico aqui. Agradecido, mas não. Por que não podem comer
saudáveis e frescas frutas e verduras?
Goro não se sentiu diminuído pelo comentário de Ami.
- Deveria provar o saboroso que é um guiso de garábolo, em lugar de criticar.
- Prefiro não contaminar meu organismo com substancias de baixíssima qualidade
vibratória. Muito obrigado pelo amável e generoso convite, mas passo.
Enquanto a comida se esquentava no fogão, nos despedimos, Goro estava tão
entusiasmado com o lugar campestre e com a perspectiva de um garábolo em molho
apimentado que passou a mão no suco de muflos e pareceu haver esquecido suas
preocupações com respeito a Vinka e a PP. Agora estava em outro mundo, em mundo
mais benigno, com paisagens esplendorosas, uma horta frutífera, gordos garábolos ao
alcance das mãos e muito suco fermentado...
Logo íamos de novo rumo à Terra.
- Lá já é muito tarde – disse – minha avó e Krato devem ter ido dormir.
- Se equivocas Pedro. Acabo de dar uma olhada e ainda estão na conversa da
sobremesa. Têm muito que conversar...
- Então ainda podemos chegar a tempo!
- Claro! Tua avó tinha razão. Não lhe faria mal escutar seus conselhos de vez em
quando. Vinka quis interar-se sobre o assunto e lhe explicamos que ela acertou ao
pensar que chegaríamos esta mesma noite.
- É muito intuitiva...
- Não, não é isso, senão que tem uma poderosa fé – explicou-lhe Ami.
- Sinto que vou gostar de tua avozinha, Pedro.
- Claro, Vinka, e ela também de ti.
Depois perguntei:
- Ami, o que você fez ao sair do elevador no setor blindado?
- Nada, fui lançando “flashes” pelos corredores, onde os embelezados terris
morriam para ajudar-me. Conduziram-me até nossos amigos e me ajudaram a libertálos,
inclusive os mesmíssimos torturadores de Goro ficaram carinhosos e doces
comigo. Mas os guardas que vigiavam pelos monitores fizeram soar o alarme quando
viram que Tonk estava na tela e ante eles ao mesmo tempo... Então eu disse aos meus
numerosos ajudantes que bloqueassem as portas e mantivessem o elevador parado. E
fizeram. Assim chegamos até ao alcance do raio que você acionou e que nos trouxe
até a nave. Simplesmente.
Sim, simplesmente, mas para ele...
Depois, Vinka retomou o ponto central de nossos afazeres:
- Oxalá tio Goro me autorize para viver na Terra... Creio que tudo o que já tem
passado nesses dias poderia ter abrandado seu coração.
- Não quero ser estraga prazer, Vinka, mas não se entusiasme muito. Eu pensei o
mesmo no princípio, mas agora suspeito que Goro está programado para impedir
sempre a alegria dos demais. Ele sim que é um estraga prazer por vocação.
- É que teve uma infância muito rígida e severa o pobre – explicou Vinka – a
alegria é algo proibido para ele.
- Mas todos os sofrimentos por que tem passado ultimamente poderiam fazê-lo
mudar... – disse.
- O sofrimento é um mestre – disse o menino das estrelas... Mas seus
ensinamentos são muito caros, deixam feias feridas na alma. E tem algo de aditivo
também. Às vezes a gente se acostuma tanto a sofrer que já não pode optar por outro
tipo de vida. Se falta o sofrimento,é como se faltasse o ar... E existem ainda outros
que pensam que Deus se encanta em ver sofrer a um filho seu, e buscam vidas
espantosas... Por isso o melhor Mestre que existe se chama Amor, e o verdadeiro
Amor é o resultado de um bom equilíbrio entre bondade e inteligência. Mas,
lamentavelmente, por hora, Goro não está a altura necessária.
HEXIS
- Já estamos chegando em tua casa Pedro, daremos uma olhada pelo monitor.
Na tela apareceram Krato e minha avó mortos de tanto rir, sentados ante a mesa.
- Então agarrei um terri pelo pescoço com este braço, e ao outro com outro braço
e lhes fiz chocar as suas cabeças. Rebentaram-se como abóboras, mas dentro não
havia nada, porque dentro de uma cabeça terri não há nada. Ho, ho, ho!
- Há, há, há! – Favorecia muito alegre minha avó.
Krato estava contando-lhe suas mentiras, suas melhores piadas, porque sabia
muito bem que ninguém iria crer em seus exageros.
Vinka estava perplexa:
- Mas... Que acontece aqui?... Esse senhor se parece com Krato, mas não é ele...
Explicamos-lhe a mudança a que foi submetido. Aí mesmo ela quis que Ami lhe
engordasse as pernas, mas ele disse que no memento teria que ficar como está.
- Quer dizer, toda uma beleza de menina – disse, como um elogio. Ela olhou as
suas pernas e não esteve de acordo.
Minha avó estimulava Krato a seguir fantasiando.
- E com o terceiro terri, que fez você, Krato?
- Ah, esse.... Sim.... Agora lembrei. Era grande e gordo como um toro, desses que
vi aí na televisão.
- Ui!...
- O espantoso terri bufava, soltava espuma pela boca e faíscas pelos olhos.
Preparou-se para atacar-me. O ódio lhe esguichava.Tirou um pouco de terra para trás
com uma pata, tomou impulso e veio para cima de mim disposto a jogar-me ao
precipício. Eu estava na borda mesmo, e só contava com estes punhos para defenderme.
- E que fez você então?
- Nada. Quando estava a um dedo de distancia, fui para um rapidamente...
- E?...
- Disse “Olé” e o terri se foi para o precipício. Ho, ho, ho!
- Há, há, há!
- Pelo visto, este parzinho é altamente compatível – disse Ami com um sorriso
cúmplice.
Vinka estava entusiasmada.
- É uma senhora muito simpática e alegre, nos vamos dar muito bem.
- Certamente que sim Vinka.
Ami deteve a nave sobre minha casa de praia.
- Chegamos. Vamos lá embaixo juntar-nos à celebração.
Descemos pelo raio amarelo e nos apresentamos ante eles.
Não podia acreditar que tudo houvesse se resolvido tão rápido e que Vinka
estivesse em pessoa ali. A festa recomeçava, e agora com todos, não faltava ninguém.
Minha avó olhava admirada e acariciava minha noiva.
- Vinka é uma criatura maravilhosa, Pedrinho! Um pouco diferente por fora com
relação aos daqui, mas se vê que por dentro é uma menina muito boa. Eu sabia que
São Cirilo não me ia falhar. Viram?
- É um campeão, menino zodiacal. Como fizeste para resgatar Vinka e seus tios
do setor blindado da PP?
Ami contou a história e lhe demos um alegre aplauso geral ao menino das
estrelas. Depois, ele disse que eu lhe havia ajudado e que também merecia um
aplauso, e assim o fizeram.
Minha avó estava feliz.
- E agora, ainda que seja tarde, a alegria continua nesta casa, também, estamos em
festas e ninguém trabalha aqui amanhã. Te servirei o jantar, Vinka. Já venho.
Acomode-se por aí. Que alegria, meu Deus!
- E eu quero outro prato – disse, porque antes tive que comer na medida.
Pouco depois chegou a comida.
- Que bom aroma! Mmmm – disse Vinka – Mas não sei se vou gostar deste
alimento... ainda que cheire maravilhoso...
- Vai encantar-te Vinka, imagina que é garábolo.
- Verei... deixa-me provar esta carne que parece tão delicada... Mmmm... Sim,
gostei muito.
- Puaf. Eu voltarei em seguida, vou para minha nave comer meus SAUDÁVEIS
alimentos, porque não comi quase nada durante todo o dia. Já venho.
- Traga-os para cá e comeremos todos juntos – disse minha avó.
- Temo que isso não vai ser possível, Lily, porque ao ver e cheirar o que vocês
comem, perco o apetite. Mas volto em seguida.
Para Vinka, lhe chamou à atenção a cor do vinho.
- Esta bebida tem uma cor muito linda.
- É “vinho”, é uma delícia Vinka.
- Quer provar? – perguntou-lhe minha avó.
- Sim, por favor, Lily.
- Aqui tem só um copinho para as crianças. Mais vinho, Krato?
- Agora não, muito obrigado Lily.
Eu imaginava que Krato era meio alcoólico, por isso me surpreendi ao vê-lo
recusar a bebida.
- Não me diga que não vai tomar mais vinho, Krato...
- Não sei de que está falando, menino terrícola. Sucede que não bebo rápido
porque gosto muito de beber.
- Não lhe compreendo, Krato.
- Quando bebo, o faço lentamente, “Betro”, degustando cada gole, porque se
beber rápido me dará sono e começo a roncar, e esta festa está maravilhosa, não
quero perdê-la, e tampouco desejo privar-me da capacidade de desfrutar do esquisito
sabor deste belo descobrimento terrestre chamado “vinha”. Devo reconhecer que o
suco de muflos, ao lado do “vinha”, fica no nível de uma grosseira bebida rústica.
Como se chama a fruta proveniente deste suco dos deuses?
Fui ao refrigerador e lhe trouxe um cacho de uvas.
- São estas. Chamam-se uvas.
- Que belos cachos, menino extrakiano.
- São maravilhosas! Deixa-me provar uma – exclamou Vinka.
- Claro.
- Esquisitas!
- Me parece que Adegas São Krato abrirá uma sucursal neste mundo. Ho, ho, ho!
Agora que lembrei... Deram de comer à Trask?
- Sim Krato. Em tua cabana ficaram meus tios, que se encarregaram de Trask. Teu
cachorro simpatizou muito com eles e...
- Que demônios faz este terri em minha cabana?!
Ami voltava.
- Era o melhor lugar disponível para escondê-los, Krato. Espero que não fique
aborrecido...
- Hum. Istooo....
Olhou para minha avó, que lhe sorria com carinho.
- Não, claro que não me aborrece. Assim, Trask ficará acompanhado. Por quanto
tempo vão ficar ali, Ami?
Krato não parecia muito contente, apesar de seu intento disfarçado.
- Se quiser regressamos agora mesmo, deixo-te lá e levo os tios de Vinka para
outro lado e, até a vista. Vamos Krato?
- Nããão. Perguntei por simples curiosidade. Também...
- Também o que Krato?
- Bom... Havíamos falado da possibilidade de ficar por aqui...
- Que fique na Terra, Ami! Já está transformado em terrícola.
- E onde viveria? – perguntou-nos o menino de branco.
- Aqui conosco, claro. Verdade, avó?
- Eu ficaria encantada... Vinka dormiria em meu quarto e Krato no que está livre.
Ami parecia estar de acordo com esses arranjos.
- Bom, por mim não há problema. Está disposto a não voltar mais a tua cabana,
Krato?
O velho emocionou-se.
- Istooo... A verdade é que não esperava algo assim tão rápido. E foram muitos
anos naquele belo lugar... snif... Mas já uma vez me tocou deixar todo meu passado
pra trás, quando me transformei em swama. Nem a escova de dentes pude levar
comigo, e lhes direi que eu era muito, mas muito importante, rico e... Não, isso já não
interessa. O passado sempre se deve deixar pra trás. Verdade Ami?
- Verdade Krato. Justamente com essa finalidade existe a morte.
- Como é isso, menino cosmonauta?
- Vocês são muito apegados a tudo, a seus lugares, a seus entes queridos, a seus
pertences, a suas somas, a suas idéias, a sua aparência, a suas lembranças, a suas
rotinas, a tudo. E o Universo necessita que suas criaturas vão evoluindo,
aperfeiçoando mediante outras experiências, outras situações, outros lugares, outras
pessoas, outras idéias. Mas devido a vosso apego, o único caminho que deixam para
poder passar as outras situações de aprendizagem, e também de felicidade, é
mediante a decadência e destruição dessa “roupa”, desse corpo. E então adeus
apegos, para outra história, a mudar de página, em fim, não ficando nenhuma
lembrança, exceto muito, muito lá no fundo da alma.
- E então morremos? – perguntou Vinka.
- Vocês não deixam outro caminho que o de ser desapegados a força, mas se
forem menos apegados, como acontece com almas de maior evolução, não
necessitariam desse duro processo chamado morte. Deixariam facilmente de lado
seus apegos e passariam voluntariamente para as novas situações que o Universo lhes
tem preparadas, também, não perderiam a lembrança da situação anterior. Em minha
memória estão todas as minhas vidas anteriores, desde que era meio gorila até hoje.
Nós ficamos todos muito pensativos ante a sincera explicação de Ami. Muitas
vezes, eu havia duvidado da bondade de Deus ao pensar que Ele havia inventado algo
tão doloroso como a morte. Mas agora, graças a essa explicação, a morte adquiria
para mim um sentido que não era contraditório com a idéia de Deus Amor, porque é
natural que o Amor busque nossa evolução, nosso aperfeiçoamento, e se nós não
somos capazes de superar voluntariamente nossos apegos, não deixamos outro
caminho que o de ser arrancados a força de uma situação, para passar a outra nova.
- Tem razão, menino neutrônico. Em algum momento eu teria que abandonar esse
lugar, a separação era inevitável, e se isso é assim, então que seja agora mesmo.
Assim, aqui ficarei para sempre... Junto a esta bela dama, claro – disse, tomando
minha avó pelo ombro. Ela encostou sua cabeça no peito do montanhês, sorrindo
agradavelmente. Era evidente que o romance já estava armado, mas agora não me
aborrecia, ao contrário, gostei da idéia de ter sempre Krato por perto.
De repente ele lembrou de algo.
- Mas Trask... – e seus olho humedeceram.
Ami começou a rir.
- Trask vai ficar bem. Eu ficarei encarregado, Krato. Confia em mim. Pode fazêlo?
- Istooo... snif... creio que sim. Confio em ti, e agradeço-te, Ami.
- Por nada, Krato. Mas adiante me ocuparei de tua entrada neste mundo, já
veremos isto. Bem, é hora de terminar esta reunião tão agradável. É tarde e amanhã
tenho que levá-los a conhecer outras coisas, crianças.
- A cama de Vinka já está preparada em meu quarto, junto a minha.
- Mas não se entusiasmem tanto, já sabem que Goro é como é. Bom, eu tenho que
ir por aí e amanhã estarei de volta.
Nos despedimos e fui deitar quase sem poder acreditar no que estava
acontecendo. Vinka dormiria em minha casa! Minha felicidade não tinha limites,
exceto pelo que Goro poderia fazer... Mas foi um dia muito duro e era muito tarde.
Apenas pus a cabeça em minha almofada e caí dormindo profundamente.
No outro dia me despertaram com umas suaves batidas em minha porta. Eu, ainda
meio dormindo, não lembrava o que havia sucedido no dia anterior, não lembrava de
nada, por isso disse:
- Entre vovó!
Mas em lugar de minha avó apareceu a bela Vinka trazendo uma bandeja em suas
mãos.
Pareceu-me estar sonhando o sonho mais belo do mundo, mas não era um sonho,
minha alma gêmea me trazia o desjejum naquela bandeja, o desjejum e todo seu
carinho.
- Oh... Vinka!... Não precisava se preocupar... Muito obrigado.
- Não me aborreço, Pedro, é um verdadeiro prazer. Dormiste bem?
Se sentou ao meu lado olhando-me com carinho.
- Oh, sim, muito bem... Obrigado... E você?
- Foi uma das mais belas noites de minha vida... Sabendo que estava tão pertinho
de ti...
Minha avó também apareceu.
- Bom dia filhinho. Tem que apressar-te porque Ami e Krato já estão prontos e
esperando-lhe.
- O que, Ami já chegou?
- Sim, faz tempo.
- E porque não me acordaram antes?
- Vinka quis que descansasse um pouco mais... Irá cuidar muito de ti – disse, com
certa cumplicidade.
- Vamos olhar ali dentro o que está fazendo o preguiçoso do “Betro”, Ami – vinha
dizendo Krato enquanto entrava com o menino das estrelas em meu quarto.
Para mim, que não tenho irmãos e que estou acostumado a certa solidão em casa,
aquela situação era muito curiosa. Normalmente, ninguém entra em meu quarto
quando estou deitado, e agora estavam ali Vinka, minha avó, Krato e Ami... Então me
dei conta de que Krato estava vestindo uma camisa de praia, shorts curto, sandálias e
meias brancas, relógio Sport, com pulseira de plástico vermelha, e um boné com
viseira. Agora sim parecia-se com um terrícola comum e corrente.
- De onde tiraste estas roupas, Krato? Há, há, há!
Ami adiantou-se a responder:
- Eu as trouxe. Você gosta Krato?
- Não... Quer dizer, sim. Mas esse menino está rindo de mim... Pareço estranho?
- Claro que sim – disse Vinka rindo. Para ela, essas roupas também eram
estranhas.
Mas minha avó reconfortou-o:
- Nãaao, Krato, você fica muito bem vestido assim, muito desportivo e jovem.
- Fica muito bem, Krato – disse – Eu ria da surpresa. De “profeta” a “ Playboy de
praia”... Mas não estou zombando.
- Pronto para sair e dar uma volta pelas estrelas, Pedro? – perguntou-me Ami
sorrindo alegre.
- Ainda tenho que tomar banho e...
- Não, nada disso. Basta com que entres no recinto de limpeza em minha nave, já
o conheces.
- Oh, sim, tinha esquecido.
Servi-me rapidamente o desjejum e pouco depois estávamos despedindo de minha
avó.
- Quer buscar alguma coisa tua na cabana, Krato, ou quer que eu traga algo?
- Não, menino dinamita. Eu morri para Kía, e os mortos não levam nada ao outro
mundo, e eu tampouco trago nada a este mundo... snif. Não se esqueça de cuidar do
pobre Trask... snif... e de trazer um par de garábolos gordinhos e suculentos. Ho, ho,
ho!
Outra vez estávamos deslizando na nave Ami, Vinka e eu por outro espaçotempo.
- Aonde vamos, Ami?
- Quero mostrar-lhes algo interessante em mais um dos milhares de mundos
evolucionados desta galáxia. Não nos tomará muito tempo. Depois iremos ver o que
acontece com Clorka e Goro.
Apareceu um planeta completamente seco atrás dos vidros. Parecia-se muito com
nossa lua, mas tinha tonalidade mais avermelhado, quer dizer, era parecido com
Marte. Nossa nave dirigia-se para a superfície a uma velocidade enorme.
- Aí está, esse é o mundo de Hexis. Aqui existe uma civilização muito mais
avançada que todas as que pode ver até agora.
Como Ami começou a percorrer aquela esfera por todas as partes a uma
velocidade impressionante, dando uma volta completa em menos de um minuto,
muito rápido compreendi que ali não havia nenhum mar.
- Isto parece ser um planeta morto e seco...
Ami estava muito contente.
- Ah, sim. Em sua superfície não há nada mais que pedras, mas em seu interior...
- Não me diga que toda a civilização deste mundo se encontra dentro...
- Assim é, Pedrinho. Todas as humanidades que tem um nível de evolução como a
que habita este planeta tem transladado suas civilizações ao interior.
Vinka se interessou muito.
- Quer dizer que os mundos mais avançados já não vivem na superfície?
- Claro que não. O interior é muito mais seguro.
- Por quê?...
Pelo mesmo que lhes disse a respeito das bases subterrâneas. Lá dentro não chega
a parte indesejável dos raios do sol nem outros raios prejudiciais, não chegam os
aerólitos nem as tormentas, nem o granizo nem os tornados nem nada, pode-se
regular o clima a vontade em espaços menores, pode-se construir ecossistemas
maravilhosos, muito iluminados e cheios de água e oxigênio, ainda que do lado de
fora não haja atmosfera nem uma gota de água. Podem evitar os insetos
aborrecedores e outras espécies não desejáveis para esses ecossistemas. E não chama
a atenção dos vizinhos não evolucionados... Pode-se viver ao lado de um mundo
como os de vocês sem que se dêem conta de que toda uma grande civilização existe
no interior deste planeta vizinho, aparentemente morto e seco... Em fim, separados
totalmente. Viver no interior dos mundos é uma etapa evolutiva muito superior na
vida cósmica...
- Caramba! Essa sim que é novidade, nunca havia imaginado. Agora estou
pensando, isso poderia explicar porque todos os planetas de nosso sistema solar
pareçam não ter vida...
- E o mesmo em nosso sistema solar – disse Vinka.
Ami alegrou-se.
- Correto crianças. No Universo há muuuuuito mais vida do que possam supor,
mas como vossas civilizações são tão “espirituais”... é melhor que no momento não
saibam que exista um degrau mais acima.
- Me dou conta...
- Por outro lado, viver no interior de um mundo é um reflexo de uma atitude da
alma.
- Como é isso?
- As humanidades de seus mundos vivem na parte de fora, não?
- Claro.
- Na parte de fora DE TUDO... Quer dizer, que vocês não prestam atenção ao
interno, que são superficiais, e por isso vivem na superfície dos mundos. Isso é um
reflexo de uma atitude de vossas almas.
- Teria a amabilidade de explicar melhor?
- Para vocês lhes interessa conhecer tudo o que está fora, muito distante, por isso
fazem grandes esforços para ir muito pra fora, para chegar a outros sistemas solares
se fosse possível, a milhões de quilômetros, mas sobre o que existe a pouca distancia,
no interior de seus planetas, disso não sabem nada, nem lhes interessa muito.
- Está certo!... Existe uma NASA que vai para fora, mas não existe uma NASA
que investigue para dentro... e isso está muito mais perto...
- Porque visam só o externo, a aparência de tudo, dos demais e de vocês mesmos,
sem prestar muita atenção ao interno.
- Que assunto tão curioso, mas creio que começo a compreender...
- Por essa mesma atitude superficial de vossas almas, vocês não se conhecem
realmente a vocês mesmos, nunca dão uma olhada para o interior de vossos corações,
lhes interessa somente o externo, o visível com os olhos, o material, o denso, e por
isso vivem em mundos que são um reflexo de suas almas, onde o material predomina
muito fortemente sobre o espiritual ou interior ou sutil. É também por isso, tem a
tendência de culpar aos demais pelos vossos dramas, sem ver que tudo tem sua
origem no interior de cada qual.
Vinka concluiu:
- Então Ofir não é um mundo tão avançado depois de tudo, e teu mundo
tampouco.
- Claro. As nossas civilizações são exteriores no momento, mas tanto em Ofir
como em Muñeca Galáctica, meu planeta, faz tempo que estão preparando
ecossistemas no interior. Por isso, quando os levei ao meu mundo disse-lhes na volta
que havíamos visitado somente o exterior. Lembram?
- Ah, sim. Recordo?
- Eu também. A propósito. Como está sua mamãe, Ami? – perguntei.
- Perfeitamente bem. Preparando-se para chegar a Kyria junto a meu pai.
- Que bom! Sempre me lembro de seu conselho: “Os pés na terra, o olhar para o
alto e o coração no Amor”. Manda-lhe nossas saudações, Ami.
- Assim o farei. Bem. Gostariam de viver no interior de um mundo?
Vinka duvidou.
- Apesar de parecer muito bonito... Não sei, produz-me uma sensação como de
claustrofobia... Não poder olhar jamais as estrelas...
- Aqui também se pode projetar o aspecto do céu exterior sobre as cúpulas, Vinka.
- Claro... Bom, deve ser coisa de acostumar-se...
- Muitos avanços sofrem rejeição no princípio, porém, mais adiante as pessoas já
não querem perdê-los. Por exemplo, a escritura. Era mais romântico escrever com
tinta e uma pena de ave, agora se escreve em teclados de computadores, pois quase
ninguém desejaria voltar à pluma, tampouco para as carruagens ou pra os sinais com
fumaça.
Ami dirigiu a nave num mergulho para a árida superfície de Hexis.
- Vamos entrar por uma das entradas autorizadas, como fizemos em Shaya-Salim,
assim que, não se aterrorizem quando parecer que iremos chocar-nos contra o solo.
E assim foi, nos “desmaterializamos” para ingressar atravessando as obscuras
rochas que bloqueavam a entrada, enquanto Vinka cobria o rosto com horror, claro...
Imediatamente depois, surgimos em um impressionante mundo de luz e cor que
parecia não ter limites.
Não podíamos acreditar no que estávamos vendo.
- NOOOOOSSSSA!
Lagos, gramados verdes e de tonalidade laranja, edifícios que pareciam feitos de
cristais multicores e de uma arquitetura futurista que nem sequer em Ofir eu pude ver.
Enormes edifícios de formas diferentes, flutuando no ar! Grandes terraços
pavimentados ou com gramados de várias cores, onde muita gente praticava
desportes, belos estádios, milhares de veículos espaciais, jardins naturais cheios de
árvores, arbustos e flores plantadas de maneira que formassem belos desenhos onde
poderiam ser apreciados desde o alto.
- Isto é a coisa mais bonita que vi em minha vida! – expressava Vinka cheia de
alegria.
Igual a base de Kía, o “céu” parecia um céu de verdade, só que era mais para o
rosado claro que para o celeste, e o mais impressionante de tudo era que eu não podia
ver os limites daquela caverna descomunal.
- Nesses mundos, as populações habitam em cavidades que as vezes possuem
dezenas de quilômetros de diâmetro – explicava Ami – Ali estão construídos seus
estabelecimentos, que nunca chegam a estar tão repletos de gente como vossas
cidades. Já lhes disse que as grandes cidades não lhes fazem bem nem para as pessoas
nem para o planeta. Nesses grandes espaços, tudo é feito em harmonia com o
Universo. Há muitos desses povoados neste mundo, grandes e pequenos, e todos
estão intercomunicados entre si.
- Isto é uma super civilização, Ami!...
- Claro. Agora vamos ver um concurso de beleza interplanetário – disse rindo –
Há muitos visitantes provenientes de uma grande variedade de mundos hoje neste
lugar.
Pareceu-me raro aquilo, porque os concursos de beleza sempre me deram a idéia
de ser algo banal, mas já estava acostumando-me com Ami nos mostrando
inesperadas surpresas que , no final de contas, não eram o que havíamos pensado.
Deteve a nave em um “estacionamento” localizado em um terraço sobre um
grande edifício circular. Junto a nossa nave, pude ver uma imensa variedade de
veículos espaciais de diversos tamanhos, porém bem menores. Algumas pessoas
andavam por ali, indo e vindo de seus veículos.
Chamou-me poderosamente a atenção uns enormes seres, com grandes cabeças
vermelhas e trajes coloridos. Seus rostos não eram nem remotamente humanos, e
havia muitos outros tipos de humanóides. Quase parecia uma festa de disfarces, mas
todo mundo estava contente. Em muitos casos, eu não sabia se tinham cabelos
coloridos com penteados extravagantes ou se tratava de adornos ou sombreiros. O
mesmo me sucedia com alguns detalhes dos rostos ou dos corpos.
- Olha esses tipos, Vinka – disse ao ver uns seres que tinham tranças...
Ami ria.
- Essa espécie habitou as árvores em seu passado. Mas é bom que vocês não
critiquem nada. Tem que ter suas mentes amplamente abertas, porque aqui irão ver
coisas que lhes pareceriam muito curiosas ou ridículas inclusive, mas que para essas
pessoas são completamente normais. Agora vamos à sala de asseio para desinfectarnos
e descer.
Assim fizemos. Logo descemos junto de Ami. Caminhamos para um elevador
próximo. Sua porta se abriu e dele saiu um casal de... Bom, ia dizer que papagaios
emplumados gigantes, mas Ami disse que disse que tem que respeitar, assim que, saiu
um casal de seres bastante altos e coloridos do elevador... Saudaram-nos com grande
amabilidade no idioma dos mundos evolucionados e continuaram seu caminho. Vinka
e eu ficamos um pouco nervosos porque não sabíamos o que fazer. Uma vez dentro
do elevador, Ami se divertia olhando nossas caras.
- Aqui, ninguém lhes irá fazer mal, crianças.
A caixa daquele veículo, redonda e transparente, era muito grande, e seu teto
estava muito alto. Compreendi que seres muito, muito altos, o ocupavam às vezes.
Descemos para o interior do edifício e do alto pude ver um ambiente cheio de...
gente... A variedade mais incrível de “modelos” humanóides andava por ali, usando
as vestimentas mais estranhas que se possa conceber. Alguns me provocavam grande
temor, devido ao seus rostos e corpos tão estranhos, mas todo o mundo parecia muito
entusiasmado e alegre.
Quando as portas do elevador se abriram e saímos, senti um agradável perfume.
- O lugar está perfumado para que os odores naturais de alguma espécie não
aborreçam a outras... Vamos, entremos na sala, já começou a apresentação.
Ingressamos por umas enormes portas e pude ver um iluminado cenário no ponto
central daquele aposento, rodeado de assentos cheios de... pessoas. Nem todas as
cadeiras eram iguais, as mais pequenas, ocupadas por seres de menor tamanho,
ficavam na frente, mais perto do cenário, as mais grandes, atrás. Nos dirigimos para o
setor das pequenas. Encontramos uma fila com pouca gente. Ami pediu permissão
enquanto íamos avançando entre as amáveis pernas... irmãozinhos do Universo... mas
ninguém nos prestava uma atenção especial. Quando nos instalamos, pude ver o que
sucedia ali. Um animador bastante gordo e corpulento, de cara verde e boca muito
grande (me fez lembrar a um hipopótamo, mas digo com todo o respeito)... muito
alegre relatava os méritos da candidata ou candidato que iria apresentar-se. Através
do fone tradutor, eu podia compreender quase tudo. Digo “quase” porque muitas das
coisas que ele dizia, não tinha sentido para mim. Por exemplo:
- Quem irá apresentar-se agora tem a honra de pertencer ao “corpo de amsas
brancos” de seu planeta, localizado no setor “Maj-ok 2j”. Ainda não entrou o
“elemento intraluminico”, mas seus “urewas” estão por classificar. Aqui está.
Apareceu algo assim como uma alface caminhante. Apresentou-se, saudou
amavelmente, se concentrou e logo se foi. Depois veio outro, que fez mais ou menos
o mesmo, quer dizer, nada. E assim foram aparecendo os seres mais estranhos e
pavorosos em alguns casos, da galáxia. Caminhavam ou arrastavam-se ou
bamboleavam ou inclusive voavam às vezes. Sorriam (os que tinham bocas como as
nossas), brilhavam seus raros trajes, concentravam-se, faziam alguns movimentos
frente ao público e logo retiravam-se.
Eu não compreendia nada, mas o público sim, e às vezes exclamava algo assim
como “ohhhh”, quando os seres do cenário se concentravam. Eu sentia algo muito
bonito nessas ocasiões, mas, em definitivo, Vinka e eu nos olhávamos sem entender.
- Do que se trata isso, Ami?
- É algo parecido a um concurso de beleza, mas com duas grandes diferenças. Em
primeiro lugar, aqui não se compete, ninguém ganha ou perde. Cada um mostra o seu
e trata de agradar ao publico, e esse é seu único premio. Em segundo lugar, não é a
beleza externa o que exibem.
- Não?
- Claro que não. Como a variedade de formas externas é tanta, para nós não tem
muito sentido dizer “esta pessoa é mais bonita ou mais feia que esta outra”. Na
realidade, nós não prestamos muita atenção no exterior das pessoas. O que de um
lado é “bonito”, em outro é feio, isso é muito transitório e muito relativo, por isso,
nós vamos direto ao interior. A verdadeira beleza é algo de dentro, e isso é justamente
o que mostram os participantes: sua beleza interna.
- Ah... agora compreendo melhor. Mas como pode o publico ver a beleza interior
dos participantes?
- Não, não se pode “ver”. A beleza interna não está ao alcance dos olhos.
- E como a captam então?
- Com os sentidos superiores da alma, Pedro.
- Ah... Claro, esta gente é MUITO evoluída. Eu não, eu só posso guiar-me pelos
meus olhos, não tenho esses sentidos superiores da alma...
- E eu muito menos... – disse Vinka, um pouco triste.
- Não é tanto assim, crianças. A verdade é que vocês sim têm esses sentidos, mas
não lhes prestam atenção porque é algo muito sutil, e estão acostumados a fixarem-se
só no gritante... Porém, façam a prova de sentir o que estas amáveis pessoas estão
tratando de enviar-lhes sutilmente. Ponham atenção.
Apareceu um ser muito gordo, de pele negríssima e cabelos lisos que lançavam
reflexos azuis, devido a negrura intensa. Aquele espécime parecia um desses cabos
com esfregão para limpar o piso, mas parado ao contrário... Eu não soube se aquilo
era homem ou mulher.
- Não é nem homem nem mulher – disse Ami, deixando-nos estupefatos, mas ele,
outra vez ria – Não creiam que toda a vida inteligente do Universo funciona sobre a
base dos sexos, como vocês ou como eu...
- Nãaao?
- Claro que não. Esta é só uma das formas, pois há muito mais, igualmente
acontece com outras espécies animais e vegetais de seus próprios mundos. Em
definitivo, essa alma irmã que vem ali se engendra a si mesma e se reproduz... Não...
há tanta variedade que não vale a pena explicar-lhes um entre todos os possíveis
métodos de reprodução que existem no Universo.
Mas Vinka e eu éramos demasiados curiosos e quisemos saber ao menos como se
reproduzia esse ser em particular.
- Está bem. Esse ser se reproduz mediante... ovos.
- Queeee? Ah não! Há, há, há! ESSE TIPO PÕE OVOS, VINKA!...
- Shhht. Vejam? Vocês se escandalizam por tudo. Saibam que para esse ser lhe
produziria ESPANTO ver a sangrenta e dolorosa forma em que nascem os bebes em
seus mundos...
Eu pensei um pouco e considerei que Ami estava certo.
- Tudo é relativo, meninos. Vamos, prestem atenção ao que esta alma irmã está
tratando de enviar-lhes.
Era magro... ou magra... Aquele delicado ser estava concentrado no meio do
cenário. Eu fechei os olhos e tratei de sentir... mas não senti nada. Creio que isso se
devia a minha mente ainda muito impressionada pelo que havia escutado antes, e
Vinka estava igual a mim, mas o público parecia fascinado. Ami compreendeu o que
nos sucedia.
- Não devia haver mencionado o assunto. É sabido que em mundos como os
vossos, a sexualidade costuma ser considerada como um assunto “altamente
aterrador”... Mas disfarçam o espanto com brincadeiras de mal gosto. Bem, temos
que regressar para Kía. Vamos, crianças, não temos muito tempo pela frente.
Uma vez na nave rumo à Kía, Ami disse:
- Se deram conta de que o propósito desta viajem foi mostrar-lhes uma civilização
no interior de um planeta, para que vejam em forma direta que quanto maior a
evolução, menor importância tem o externo.
- Ah... Sim? Claro, Ami, certamente...
- Para ver se lhes diminuem um pouco esse “racismo óptico” que vocês sofrem.
Há, há, há. E para que comecem a prestar atenção ao que irradiam das pessoas, em
lugar de fixarem-se só no que parecem e no que dizem. E também para que se fixem
um pouco mais em vosso próprio interior. O verdadeiro, o importante dos seres está
por dentro. Por isso, as pessoas evoluídas procuram ver mais o interno e menos o
externo. E quando a evolução é menor, vêem mais o lado de fora, o transitório, em
todo tipo de assuntos.
- Claro, mas para nós falta muuuuuita evolução... – disse Vinka.
Ami estava rindo.
- Lhes falta atenção, só isso, e um pouco de prática.
Kía já estava em frente a nós, ocupando todo o espaço atrás dos cristais.
- Ai estão seus tios, desfrutando de uma tarde de sol nas montanhas.
Em um monitor apareceram Clorka e Goro caminhando abraçados na beira de
uma lagoa, contemplando entusiasmados a paisagem, seguidos de perto por Trask,
que balançava contente seu longo pescoço, enquanto vários garábolos revoavam por
ali. Muito rápido chegamos junto à eles e Vinka correu para abraçá-los.
- Como dormiram, tios?
- Muito bem, muito bem. Com a beleza deste lugar, quase estamos esquecemos
que a PP está atrás de nós, que perdemos tudo e que não temos aonde ir...
Ami, fazendo um tom entre otimista e misterioso, perguntou-lhes:
- E não gostariam de ficar por aqui?...
O casal de Kía teve um estremecimento e devorou Ami com os olhos.
- Que... que quer dizer?... É possível isso?...
- Claro. Esta cabana ficou desabitada definitivamente, porque seu morador, Krato,
decidiu ficar vivendo para sempre no planeta deste menino, e já não voltará nunca
mais por aqui.
- Ficou noivo com minha avó, há, há, há! – Pra mim, ainda parece-me um tanto
ridículo aquele romance tão “primaveral”...
Os tios de Vinka começaram a animarem-se visivelmente.
- A verdade é que de noite e durante a manhã, estivemos pensando nisto, em viver
por aqui e coisas assim. Ambos gostamos muito da solidão, por isso, quase não temos
amisades. Estávamos considerando a idéia de dedicarmos à agricultura, fazer uma
horta como essa que Krato tem aqui, construímos uma cabana, e...
- Vocês estão um pouco grandes já, como para ter que começar tudo desde o
princípio. Aqui tem uma cabana pronta para ser habitada e decorada por Clorka, e
essa horta já não pertence mais a Krato. Alem disso, lhes ficaria todo o equipamento
para a elaboração de suco fermentado de muflos, poderiam vendê-lo, assim como os
produtos da horta, em povoados próximos, que estão a umas quatro horas de
caminhada. Por ali há uma carroça, e Trask é muito forte, e ele também de agora em
diante lhe pertence – lhes explicava Ami. Eles olhavam cada vez mais entusiasmados,
especialmente Clorka.
- Eu, toda minha vida tenho sonhado em viver no campo, longe dos ruídos da
cidade, e Goro também, e agora se faz realidade esse desejo secreto... Isto parece um
sonho!
- Eu também desde menino sonhava em viver na natureza, inclusive quis estudar
agronomia para ir viver em algum bosque, mas meu pai, que era muito autoritário,
quis que eu trabalhasse logo na mesma farmácia em que ele dedicou toda sua vida, e
não me financiou os estudos. Mas a verdade é que sempre odiei essa farmácia e essa
cidade... Sim, se fosse possível, eu ficaria encantado nestas maravilhosas montanhas
e nestas paisagens maravilhosas.
- Pronto então. Já está. Esta é vossa terra e vossa casa – disse muito alegre Ami.
Ao escutar aquilo, Goro começou a sorrir pela primeira vez em sua vida. Lhe
brilhava o olhar. Observava todos os lados como sem poder acreditar que toda aquela
beleza que lhe rodeava ia ser seu panorama cotidiano. Olhou para um belo vale lá
embaixo, com infinidade de matizes de verde, sorrio novamente, lhe caíram umas
lágrimas de feliz emoção e... Nesses momentos foi que se sentiu mal, ficou pálido e
tivemos que ajudá-lo a chegar ao interior da cabana e encostá-lo sobre um colchão.
- Não sei o que me acontece... Me emocionei muito, senti vertigens e...
- Claro – brincou Ami – como não está acostumado com emoções positivas,
ficaste doente. Há, há, há!
Nesse momento aconteceu algo que pareceu-me espantoso, o pelo da cara e da
cabeça de Goro começava a cair...
Irá transformar-se em swama, tio Goro, estás transformando! – Gritava Vinka,
com uma alegria imensa. Ami e Clorka também ficaram muito contentes, mas eu não
sabia que desastre poderia ocorrer ali... se é que acontecia algum.
- Nenhum desastre, Pedro. Isto é algo muito maravilhoso. Em dois ou três dias,
nosso amigo Goro ficará convertido em um agradável e inofensivo swama. Evoluiu
velozmente graças a todos os golpes emocionais que sofreu neste curto tempo.
Também se desiludiu de algumas falsidades em que acreditava, e assim se fez espaço
nele para valores mais verdadeiros. Porém, o ultimo golpe foi positivo, que recebeu
ao saber que possui estas belas paisagens e uma nova vida a sua disposição, o qual
comprova que o amor e a felicidade podem fazer evolui muito mais rápido que o
sofrimento...
- E agora, finalmente irá ser um ser humano, tio – disse rindo Vinka. Mas o terri
era ainda terri e quis defender sua raça ante a ofensa de Vinka. Ia dizer algo, mas não
pode porque vário dentes enormes soltos bailavam dentro de sua boca... No final, se
pôs a rir de si mesmo ao contemplar os dentes sobre a palma de sua mão.
Ami estava muito entusiasmado.
- A PP busca um casal terri-swama, assim que já não há mais perigo para eles.
Ninguém vai suspeitar de um casal de swamas. Não lhes parece fabuloso? Até as
impressões digitais mudam com a transformação. E as tuas Clorka, também as
mudarei, e logo nossos amigos do Registro Civil deste pais lhes conseguirão uma
nova identidade. Eu me ocuparei do resto.
- Mas nós falamos muito mal o Kairoso, o idioma daqui...
- Bem, então lhes conseguirei documentos de estrangeiros residentes legalmente.
Não se preocupe com nada, eu me encarrego. E também lhes conseguirei livros para
que aprendam o Kairoso.
Goro estava mais reconfortado agora, sorria satisfeito. Pouco a pouco estava se
transformando em um simples swama, e ele se permitia ficar assim sem opor
resistência de nenhum tipo.
- Por hora, só deverás descansar, Goro, já sabe que estas transformações são
inofensivas e que não dói nada, mas irá ficar débil uns par de dias, por isso terá que
ficar na cama.
O futuro ex-terri tratou de dizer algo, mas o ar lhe escapava dentro de uma boca
com cada vez menos dentes e não pode fazê-lo, e novamente se pôs a rir.
- Não se preocupes, Goro. Esta noite ou amanhã terá dentes novos, porém mais
pequenos, claro...
- Dentes humanos – insistiu Vinka, para aborrecer novamente seu tio, mas agora,
Goro lançou uma desdentada gargalhada que foi acompanhada por todos nós.
- Vamos ser muito felizes aqui – disse Clorka, cheia de emoções novas.
Minha alma gêmea aproveitou a ocasião para voltar ao tema central de nossas
preocupações:
- Sim, tios, vocês vão ser muito felizes aqui, mas compreenderão que este não é o
lugar apropriado para uma jovenzinha que deve terminar seus estudos. Não?...
Vinka acabava de por as cartas sobre a mesa. O assunto mais importante de toda
minha vida começaria a julgar-se ali, a possibilidade de que Goro autorizasse Vinka
para ir ao meu planeta. Preparava-me para longos e tensos puxa e solta, mas Goro
estava de muito bom humor agora e disse algo que nem o mais otimista de meus
sonhos pudesse imaginar:
- Tens razão, Vinka. Teu futuro e tua felicidade não estão em Kia. Fui um cabeça
dura colocando-lhe tantos obstáculos e ao desconfiar tanto de Ami e desse menino
bom que és tua alma gêmea.
E não podia acreditar no que estava escutando.
- Então, tio? – disse Vinka com a alma por um fio.
- Então está autorizada para ir viver na Terra.
- VIVAAAA!!! – exclamamos todos, inclusive Clorka.
Vinka veio para mim eufórica de felicidade, com lágrimas nos olhos. Nos
abraçamos largamente. Agora, nada iria interferir nosso amor. A felicidade nos
esperava em um radiante futuro cheio de luz.
Mariposas, garábolos e outros bichinhos começaram a revoar alegremente sobre a
cabana.
Ami felicitava ao tio de Vinka:
- Muito bem, Goro, muito bem, e não perderás a tua querida sobrinha, porque
cada vez que me seja possível, irei trazê-la para que estejam juntos uns par de dias.
- Obrigado, Ami, muito obrigado... Sniff...
Eu lembrei-me que ele havia dito que não permitiria andar de celestina
carregando enamorados pelo Cosmos, senão somente prestar ajuda para coisas que
tem haver com o Plano. Ele captou o que eu pensava.
- Esta menina tem que escrever um novo livro relatando suas ultimas aventuras, e
deve ser editado aqui em Kia e corrigido por Clorka. Vinka o escreverá na Terra, mas
quando esteja terminado, será necessário que alguém traga o texto à Kía. As
autoridades do Universo não me impedirão que seja eu quem faça esse translado,
porque isso é um labor planetário, não particular. Verdade?
- Claro, Ami.
- Mas Vinka e Pedro poderão aproveitar a viajem, ida e volta.
- VIVAAAA!!! –voltamos a exclamar muito felizes.
Depois, Clorka perguntou como ia chegar o manuscrito na editora.
- Eu encarrego-me, Clorka – disse Ami.
- Mas a PP...
- Nada. Para eles, o importante é encontrar vocês. Os livros são um assunto
aparte. Eu mandarei o texto por Intertoko junto com...
- Intertoko? – perguntei.
- É o equivalente a Internet nesse mundo... junto com uma menságem tua
autorizando a edição. Ali irá explicar que se encontra longe no momento, Clorka. E
quando a PP veja que apareceu um novo livro, irá na editora averiguar, e ali lhes dirão
que receberam o manuscrito pelo Intertoko e que não sabem nada mais, e assunto
encerrado, assim, Vinka poderá cumprir com a missão que a trouxe a encarnar neste
mundo.
E tudo o mais aconteceu muito rápido. Ami mudou-lhe as impressões digitais de
Clorka, levando-a por uns minutos à nave. Ela quis também que lhe ondulasse um
pouco o cabelo... mas ele só riu. Logo pediu aos tios de Vinka que lhe preparassem
uma lista com coisas que iam necessitar para instalarem-se em seu novo lugar.
Explicou que ele traria logo após deixar-nos na Terra. Eles disseram que não seriam
muitas, porque a intenção era levar uma vida o mais simples possível. Ami felicitouos
por isso. Depois, começamos a limpar aquele lugar, coisa que fizemos com carinho
e alegria. Limpamos, eliminamos os chumi-chumi, uns insetos parecidos às traças, e
tiramos uma grande quantidade de tranqueiras velhas. Por ali, Clorka encontrou o
famoso pergaminho de Krato. Vinka quis levá-lo de lembrança, mas Goro escutava de
longe e se opôs:
- Não, não. Esse pergaminho é maravilhoso. Deixe-o aqui, onde foi escrito. Eu
lhe farei um quadro e o porei em um lugar de honra nesta casa.
Todos estavam de acordo.
Clorka quis queimar o lixo, mas Ami disse que não era necessário atirar fumaça
na atmosfera. Foi até sua nave e de lá lançou um raio que desmaterializou aquele
monte de tranqueira velha. Não ficou nada, nem sequer um sinal. Então compreendi
que embora Ami dissesse que eles não tinham armas, sei que as tinham...
- Porém, nós não as apontamos para as pessoas – esclareceu ao saber de meus
pensamentos.
Mais tarde, Ami disse que era o momento de partir, porque no dia seguinte, ele
teria que ir muito longe para realizar outra missão.
Vinka e seus tios tiveram uma despedida muito emotiva, mas não triste. A
verdade é que meus novos tios estavam demasiado contentes e felizes com sua
mudança de vida, isso tirou o drama na despedida. Mas eu me emocionei, porque
Goro já não era o Goro de antes, senão um bom e pacífico projeto de swama, que
inclusive sorria e batia na cabeça de vês em quando, e não pude evitar de sentir
carinho por ele.
- E se esta menina não se distrair e terminar este livro muito rápido, então muito
rápido estaremos de volta por aqui.
- Amanhã mesmo começo! – exclamou ela.



CONTINUA ....... "ESSENCIAIS"

 OBS: ATENÇÃO IRAMOS EM HUMANIDADE DA TERRA MEUS IRMAOS E IRMAS ESTELARES QUE CHEGARAM A LER O LIVRO DE AMI ATE O FIM. PERCEBAM AIMPORTANCIA DESTA HISTORIA REAL E DE SEU COMPROMISSO QUANDO A HUMANIDADE O NOSSO COMPROMISSO  DE DIVULGAR . SE POSSUEM BLOG OU ALGUM SITE . COLEM COPIEM O LIVRO DE AMI. IMPRIMAM. LEIA PARA SEUS FILHOS E IRMAOS.. ESTA E UMA SEMENTE MUITO IMPORTANTE A SER PLANTADA NA HUMANIDADE DA TERRA COM ESTE LINDO ATO NESTE LINDO LIVRO NESTA LINDA HISTORIA REAL.


http://minhamestria.blogspot.com.br
C.R.A - http://a-casa-real-de-avyon.blogspot.com/


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